Dia 18 de junho: por uma descolonização de chegadas.

amarelitude.
2 min readJun 29, 2023

Dia 18 de junho é uma data importante para pensarmos a racialização amarela nas “américas”, partindo do Brasil, pois marca muito mais do que a chegada do navio Kasato-Maru ao Porto de Santos, em 1908, trazendo a bordo os primeiros imigrantes japoneses e uchinanchus.

Mas celebrar esta data é validar a farsa escrita pela branquitude, pois trata-se de sua construção simbólica, política, ideológica sobre a presença amarela no Brasil, que reforça uma dupla distorção histórica:

De um lado, justifica-se que nós, pessoas amarelas, estamos aqui em razão da livre escolha de nossos antepassados de migrarem para o Brasil, como se a busca por melhores condições de vida fosse por si só o motor da história, e não: imigrante nunca foi e não é empreendedor-de-si-mesmo.

De outro lado, há uma narrativa ainda mais perversa, a de que as terras indígenas de Pindorama e de Abya Yala existem para ser invadidas ininterruptamente, seja por colonizadores primários, secundários ou terciários, desde que sob o aval e os ditames da branquitude: as marcas coloniais do Marco Temporal também residem em nós.

Não há o que evocar nessa data,

a não ser a sobrevivência

da diáspora amarela

sem subserviência ao mundo branco,

a não ser a resistência

não análoga à conivência

com os genocídios negro e indígena,

a não ser a consciência

de que amarelitude

não é autocentramento

nem nipocentrismo

mas um ponto de partida

de uma história que precisa ser escrita por nós:

por uma descolonização de chegadas,
pela ressignificação política da nossa presença,

em contagem regressiva da violência colonial.

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amarelitude.

reflexões sobre privilégio e racialização amarela: chamamento ético-político para nos desembranquecer de delírios coloniais. Por Poroiwak (Rodolfo Horoiwa).