Não somos o “Alecrim Dourado” do mundo branco.

amarelitude.
2 min readAug 24, 2023

Engana-se quem não compreende que a divisão do trabalho nas "américas", Abya Yala, segue racializada. Pessoas negras e indígenas, durante mais de três séculos, classificadas como mercadoria, objeto-de-trabalho escravizado, são ainda as principais vítimas da escravização continuada, das políticas de morte da branquitude, da precarização da vida.

Nós, pessoas amarelas, por mais de um século, de 1806 às primeiras décadas do XX, fomos traficados como "coolies", submetidas à escravização "melhorada" por meio de "contratos temporários" - tão válidos quanto a palavra de um escravocrata! - seja nas plantations em Cuba, na construção de ferrovias nos Eua e Canadá, na produção de guano (fertilizante a base de esterco) no Peru, ou nas plantações de chá no Brasil.

E, justamente, pelo fato de que a divisão do trabalho permanece racializada, precisamos nos indagar sobre o que é o Privilégio Amarelo no contexto atual, observando, além do que desejamos ocupar em termos de representatividade, quais são os postos de trabalho dos atuais "coolies" que não ocupamos mais, não porque seríamos o "alecrim dourado" da ordem colonial, conseguindo nos libertar da racialização do mundo branco, mas porque a racialização amarela segue em pleno curso, onde a subserviência racial aos genocídios indígena e negro é o padrão de excelência que ora entregamos à branquitude.

O elo perdido entre o macaco e o porco, segundo ilustrou a revista californiana anti-chineses de São Francisco, "The Wasp", em 1877, são as pessoas amarelas, estereotipadas como "chinaman", cuja evolução no mundo branco, para além da animalização ilustrada em si, é o abate - humanizado, dirão os orientalistas para seu próprio consumo na era da Racialização Tardia.

Referências:

JUDY TSOU. Gendering Race: Stereotypes of Chinese Americans in Popular Sheet Music (1997).

POROIWAK. O que é Racialização Tardia? {O marco histórico do surgimento e da razão política de Amarelitude} (2023).

--

--

amarelitude.

reflexões sobre privilégio e racialização amarela: chamamento ético-político para nos desembranquecer de delírios coloniais. Por Poroiwak (Rodolfo Horoiwa).